quinta-feira, 20 de março de 2014

Evocações: Ciência, Pátria e Academia

Ministro Clelio Campolina Diniz recebe cumprimentos da Presidenta Dilma Rousseff (foto: Giba/ASCOM-MCTI)

 

Esta foto me traz recordações e provoca reflexões sobre nossa geração. Em 1981, reingressado no Brasil, em função da anistia, após 16 anos de exílio, fui consultado pela Associação de Economistas do Terceiro Mundo, que realizava a sua terceira reunião em Cuba, para indicar um grupo de três participantes deste evento.

Curiosamente escolhi três jovens economistas para esta reunião: Clelio Campolina, Dilma Rousseff e Rabat Benakuche. Vejo com satisfação que as minhas indicações não foram equivocadas ao meditar sobre essa foto.

Naquele momento um dos temas prioritários da agenda dos Economistas do Terceiro Mundo era a criação de uma política científica e tecnológica que pudesse neutralizar a dependência tecnológica das Nações do Terceiro Mundo.

Todos nós trabalhamos de alguma forma em torno dessa questão, não somente de uma perspectiva econômica, mas também como uma contribuição muito forte dos próprios cientistas de toda região.

Nela se inscreve seguramente a formação crítica de cientistas como o Ministro Marco Antônio Raupp que deixa o Ministério extremamente elogiado pela Presidenta e pelo seu sucessor.

Marco Antônio Raupp foi meu colega na criação da UnB. Por sinal, os Matemáticos da UnB, assim como os demais cientistas convocados para a UnB por Darcy Ribeiro, eram extremamente conscientes dos problemas políticos do nosso país. Por final, todos os estudantes de Pós-graduação e Professores tinham que assistir as belíssimas palestras sobre a Civilização Brasileira proferidas por Nelson Werneck Sodré. Para estes cientistas como Marco Antônio Raupp fazer ciência era também fazer Pátria.

Entre os Físicos alcançados pela repressão do golpe de Estado de 64 que nos tirou violentamente da tarefa gloriosa de criar uma Universidade de vanguarda no Brasil estava, por exemplo,  o Físico Roberto Salmerom que foi expelido do nosso país para converter-se em uma das grandes figuras da física europeia, onde se aposentou pela École Polytechnique e hoje é Diretor de Pesquisa Emérito do CNRSS.

Avançamos muito na criação de uma institucionalidade capaz de manter uma atividade científica contínua e acumulativa. Para este fim destaco a contribuição sobretudo de Amilcar Herrera, notável cientista argentino cuja pesquisa sobre prospectiva tecnológica da América Latina incorporou a noção das ondas longas de Kondratiev permitindo uma visão de longo prazo da evolução tecnológica da região. Tive o prazer de participar diretamente dessa pesquisa não só como membro do Conselho Consultivo, mas também como Diretor de Treinamento da Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro (FESP-RJ)que desenvolveu uma parte dela, que foi patrocinada pela Universidade das Nações Unidas e pela cooperação canadense. Por sinal, a FESP montou um grupo de pesquisa sobre políticas científicas e tecnológicas e foi a Sede do Encontro que criou a Associação Latino Americana de Política Científica e Tecnológica. Temos que registrar, sobretudo, diante desta foto tão evocativa o papel desses personagens que assumem responsabilidades crescentes na nossa vida política.

Para informar meus leitores sobre a minha contribuição nesse campo apresento em seguida um texto de uso acadêmico que pode ser útil a um balanço desta problemática tão fundamental para o nosso futuro e de toda humanidade:

UM RESUMO DE MINHAS PUBLICAÇÕES SOBRE ECONOMIA MUNDIAL E REVOLUÇÃO  CIENTÍFICO-TÉCNICA
Em 1967, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade de Chile (CESO), onde me encontrava asilado do golpe de Estado de 1964 no Brasil e de minha condenação pela justiça militar em 1966, iniciei um estudo sistemático sobre a economia e a política internacionais e as formacões sócio-econômicas contemporâneas. Depois de deixar o Chile nas circunstâncias criadas pelo golpe de estado de 1973, continuei essas análises em vários trabalhos, que se prolongaram nas novas fases de minhas atividades profissionais. Distingue-se em primeiro lugar o período em que atuei como professor, pesquisador e coordenador do Doutorado em Economia da UNAM no México, entre 1974 e 1980. Chama a atenção também para os períodos de professor visitante na Northern Illinois University (1969) e na SUNY-Binghamton, (1979), assim como para os cursos, seminários e conferências em que participei em 37 países.
Como resultado desse trabalho de pesquisa, contatos, debates e participação ativa nos acontecimentos sociais e políticos do período, produzi um conjunto de obras que ocupam um papel importante nos debates sobre a teoria da dependência, as formações sociais contemporâneas e a economia e política internacionais.  São deste período entre outros, os seguintes livros:
1967 - El Nuevo Caracter de la Dependencia, CESO, Santiago.
1968 - Socialismo o Fascismo:  Dilema Latinoamericano, PLA Santiago.
1970 - Dependencia y Cambio Social, CESO, Santiago.
1971 - La Crisis Norte-Americana y América Latina, PLA, Santiago.
1972 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, PLA, Santiago.
1972 - Socialismo o Fascismo, El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Caracter de la Dependencia, PLA, Santiago. Edição atualizada no México, em 1975, por Edicol.
1977 - ImperialismoyDependencia,ERA,México. 


________________________________________________________________________________ * Devo destacar que apresentei um memorial muito mais amplo para o concurso de professor titular da Universidade Federal Fluminense, realizado em 2004. Na atual oportunidade foi-me pedido uma apresentação mais sucinta. Os que tenham interesse neste material mais amplo podem consultá-lo no meu blog: theotoniodossantos.blogspot.com.
Estes livros sintetizam o esforço teórico incorporado em várias publicações e artigos traduzidos em mais de 18 idiomas e editados em mais de 40 países. A eles deve ser acrecentada uma literatura científica de grande peso,  produzida no Centro de Estudos Socioeconómicos da Universidade do Chile onde despontavam os trabalhos de Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra, Andre Gunder Frank, Martha Harnnecker, Tomas Vasconi, Inés Reca, Alejando Scherman, Clarisa Hardy, Orlando Caputo, Roberto Pizarro, Cristobal Kay, Padre Gonzalo Arroyo, Cristina Hurtado, Sergio Ramos, Cristian Sepúlveda, Álvaro Briones, Manuel Lajo, Emir Sader, Marco Aurelio Garcia, e vários outros brilhantes pesquisadores de várias partes do mundo.
No periodo em que se instaurou a ditadura militar no Chile tive que me asilar finalmente no México onde fui pesquisador do Instituto de Economia e dirigi o Doutorado e a Pós graduação de Economia da UNAM,  além de ministrar cursos nas Faculdades de Ciencia Política e de Filosofia da mesma Universidade. Em todas estas atividades ajudei a formar uma pleiade de pesquisadores de vários paises todos de grande impacto no pensamento social latinoamericano,  aprofundando o enfoque conhecido como teoria da dependencia que se desenvolveu sobretudo no seminario permanente sobre ciencia e tecnologia e capitalismo contemporâneo que dirigi junto com Leonel Corona, o qual continua a existir até os nossos dias. Destaco ainda os vários seminários que organizamos sobre o capitalismo contemporâneo e as crises econômicas, com a participação de Ernest Mandel; do grupo de teóricos da escola de regulação; do grupo de cientistas e especialistas em prospecção tecnológica, comandados por Cristopher Freeman, que se reuniu em Guanuajuato, produzindo um manifesto de grande impacto; dos pesquisadores sobre a paz, reunidos numa associação internacional muito influente; da Associação Internacional de Economistas do Terceiro Mundo, ligada sobretudo ao Movimento dos Não-Alinhados; de estudiosos do desenvolvimento de toda a América Latina  e de várias partes do mundo.
A partir de 1980, de volta ao Brasil, iniciei uma nova etapa desses estudos dando especial ênfase à caracterização do desenvolvimento das forcas produtivas contemporâneas analisadas sob o conceito unificador da Revolução Científico-Técnica.  A análise desta problemática já havia sido iniciada na UNAM, sobretudo através do Seminário sobre a Economia Política da Ciência e Tecnologia, que organizei no Doutorado de Economia dessa Universidade desde 1976. Neste novo período, contei com o apoio do CNPq, da Universidade das Nações Unidas e outras instituições internacionais e nacionais para realizar vários encontros internacionais, alguns de grande peso como o Congresso de Política Econômica realizado na FESP-RJ, em 1984, com apoio da Universidade Estacio de Sá.
Internacionalmente, entre várias atividades, devo assinalar minha participação na direção da Associação Internacional de Estudos sobre a Paz, na direção da revista Socialismo no Mundo, que publicava os resultados das Mesas Redondas internacionais sobre o mesmo tema realizadas anualmente em Cavtat, na Iugoslávia; a organização do Curso comemorativo dos 30 anos da Conferência de Bandung, realizado na FESP com apoio da Universidade das Nações Unidas, com a qual colaborei intensamente em vários projetos de pesquisa neste periodo.
Devo ressaltar, neste período, a minha colaboração crescente com o Seminário sobre Sistema Mundial que se reuniu bi-anualmente sob a coordenação de Immanuel Wallerstein do Fernand Braudel Center (SUNY-Binghanton) onde fui professor visitante no 2º semestre de 1979, da Maison des Sciences de l´Homme (Paris I), onde fiz vários estágios como Directeur d´Éstudes, e do Starnberg Institute. Estas reuniões bi-anuais se deslocaram por vários países (eu mesmo organizei um delas na UnB em 1989) aprofundando o estudo do sistema mundial segundo vários aspectos.
Esta interação ampla e diversificada me permitiu aprofundar minha pesquisa sobre Economia Mundial, o que se refletiu, entre outros, na publicação dos seguintes livros:
1983 - Teorias do Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vega, Belo Horizonte.
1983 - Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis.
1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, um ensaio introdutório, Ed. Vozes, Petrópolis.
1987 - Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Petrópolis.
1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Editora Contrapunto, Buenos Aires, 1987.
Entre 1987 e 1988, iniciei uma nova fase de pesquisas com o apoio do CNPq e posteriormente da Fundação Ford, orientando-me para o tema da "RCT, a Nova Divisão Internacional do Trabalho e a Regionalização da Economia Mundial".  Dentro deste esforço efetuei uma viagem de estudos à França, Bélgica, Suíça, URSS e Espanha em 1989, atendendo a convites para seminários e conferências.
O objetivo era analisar os efeitos da Nova Divisão Internacional do Trabalho, que emerge da RCT, sobre a regionalização da economia mundial, que considero como uma etapa necessária na direção de uma economia mundial integrada e de uma civilização planetária.  Como a Europa se antecipava neste processo, através da formação de sua Comunidade em 1992, iniciei por ela a sistematização dessas teses.
Em seguida, entre março de 1990 e fevereiro de 1992 aproveitei os convites para professor visitante das Universidades de Ritsumeikan (Kyoto) e Paris VIII (França) para aprofundar meus estudos sobre os processos de regionalização na Europa e na Ásia, ao mesmo tempo em que dirigia os trabalhos de uma equipe de estudantes de pós-graduação e graduação do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília sobre o mesmo tema.
Como fruto desse período de pesquisa elaborei os seguintes trabalhos:
"A Integração Latino-Americana:  Forças Políticas em Choque, Experiência e Perspectiva", in Revista Brasileira de Ciência Política, nº 1, Brasília, 1989.
- "A Revolução Científico-Técnica e a Nova Divisão Internacional do Trabalho" in Ritsumeikan Journal of International Relations, Ano 3, nº 3, dezembro de 1990, ps. 60 a 88.
- Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991.
- "Condições Atuais e Perspectivas da Participação dos Países da América Latina e Caribe na Economia Internacional", in Realidade e Perspectiva da América Latina, CORSUD/EDUFMA, São Luis - 1991.  Texto baseado no relatório sob o mesmo título realizado em consultoria para o Sistema Econômico Latino-Americano (SELA).
- Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Editora Vozes, Petrópolis, 1993. 4 edições até 1999, quando revisei e atualizei o livro.
- "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989.  Los Trucos del Neo-Liberalismo", publicado em Espanhol por Nueva Sociedade, nº 117, jan-fev., 1992; em japonês e em português (versão completa).
- "New Geopolitical Alignements in the Post - Cold War World", publicado em inglês no Ritsumeikan Journal of International Relations, março, 1992; e em alemão pelo boletim do Starnberg Institute.
Como resultado desta experiência de vários anos trabalhando nesta temática, acumulei um conhecimento bastante razoável das principais instituições, fontes de financiamento, documentação e bibliografia e dos pesquisadores dedicados à mesma.  Estes conhecimentos permitiram a ampliação dos meios e recursos obtidos no CNPq e na Fundação Ford, viabilizando assim, a médio prazo, esta fase da pesquisa.
Posteriormente, na Universidade Federal Fluminense (1992-), formei o Grupo de Estudos sobre Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de Trabalho (GREMIMT) que contou com o apoio da FAPERJ e do Programa PIBIC do CNPQ o qual se dedicou amplamente às análises da conjuntura mundial e patrocinou dois eventos importantes.
Em 1992, realizamos um encontro sobre Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente patrocinado pela Universidade Ritsumeikan, de Kioto, e a Universidade Federal Fluminense.
Em 1994, realizamos um Seminário sobre Globalização e Competitividade do Terceiro Mundo, no qual anunciávamos a formação dos paises emergentes e os resultados positivos que resultariam de sua ação conjunta.
Em 1989, na Univesidade de Brasilia, se realizou o Seminário bi-anual do grupo de estudos sobre o sistema mundial que se reuniu sistemáticamente durante os anos 70 a 90 sob a coordenação do Centro Fernando Braudel de SUNY-Binghamton, da Maison des Sciences de l`Homme e do Starnberg Institute
Como culminação desta fase logrei criar em 1997 a Cátedra e Rede sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável com o patrocínio da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas que batizamos de REGGEN. A fundação desta cátedra foi o resultado de uma difícil gestão junto a estas instituições que levou à convocatória, em 1996,  de uma reunião de expertos em Helsink, Finlandia, sob a inspiração do WIDER, a qual recomendou a criação da cátedra.
Contudo, o seu prosseguimento na fase atual vem exigindo uma capacidade de organização administrativa, contatos e auxílio técnico e secretarial muitas vezes superior, tanto em extensão como em qualidade a nossos esforços anteriores. Este projeto de pesquisa deve ser considerado como uma nova fase deste amplo esforço teórico e analítico,  na qual chegar-se-á a conclusões mais definitivas sobre a evolução da economia mundial e particularmente sobre a posição do Terceiro Mundo, da América Latina e do Brasil dentro da mesma.
Em 1997, os meus 60 anos foram comemorados com uma excepcional homenagem da UNESCO, através do livro Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio Dos Santos,  organizado por Francisco Lopez Segreras, naquela época conselheiro da UNESCO para as Ciencias Sociais na América Latina, Este livro foi publicado em espanhol pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais da UNESCO,  na Venezuela, e pelo Instituto Perúmundo,  no Peru, e em mandarim pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (veja-se os textos originais no sitio www.reggen.org.br e a tradução ao espanhol no sítio web da CLACSO – Conselho Latino-americano de Ciências Sociais, com sede em Buenos Aires). Não há publicação em português.
À frente da REGGEN, como professor titular (e agora professor emérito) da UFF, como um dos fundadores do website da Rede sobre Economia Mundial (www.redem.buap.mx) e da Rede Celso Furtado sobre Desenvolvimento Econômico (www.redcelsofurtado.edu.mx), ambas sitiadas no México, como diretor científico da rede Political and Ethical Knowledge for Economic Activities (www.pekea.org), com sede em Rennes, na França e outras atuações internacionais, que seria muito longo nomear, venho desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa e debate sobre os grandes temas de nosso tempo que se refletem também em várias publicações que passo a resumir.
Em 1999 revisei e atualizei meu livro sobre Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, para 4a. edição da Editora Vozes. É  interessante assinalar a ampla divulgação que  meus trabalhos vêm tendo na China,  desde a década de 90, quando se publicou,  em 1992,  a tradução do meu livro Imperialismo e Dependência (Publicado também em japonês, na década de 80,  publicado em 2011 pela prestigiada Biblioteca Ayacucho de clássicos das ciências sociais latino-americanas. ( Nota: não há edição em português! ). Em 2002-2003 se publicou na China (além da reedição de Imperialismo e Dependência) os livros Teoria da Dependência: balanço e Perspectivas, Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, e os dois volumes de Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio dos Santos (no qual participa, ao lado de alguns dos mais destacados pensadores de nosso tempo, o ex-ministro Celso Amorim com um excelente artigo). Foi publicada também, nesta mesma editora, uma coleção de trabalhos sobre hegemonia e contra hegemonia, assim como se encontra em tradução o livro Do Terror à Esperança. Tenho especial orgulho pela receptividade dos meus livros na China pela importância das mudanças que aí ocorrem e pelo papel crescente deste país no mundo contemporâneo.
Em 2003 e 2004 a minha produção chegou a um patamar que considero muito adequado com a publicação do meu último livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo, Idéias & Letras, Aparecida, 2004. Este livro apresenta uma analise original do neoliberalismo não somente como doutrina, mas também como pratica, nos EE.UU, com Ronald Reagan, na Inglaterra com Thatcher, no FMI e no Banco Mundial, nos governos asiáticos, africanos, latino-americanos e, sobretudo no caso brasileiro, que é analisado mais detidamente.
O livro mostra também que as contradições do neoliberalismo começaram a gerar o rechaço majoritário das populações submetidas a estas políticas e também a desmoralização do pensamento econômico que criou estes desvios perversos transformados por 2 décadas em “pensamento único”. Este livro foi publicado em espanhol pela Editora Monte Ávila, Caracas, em 2007, tendo obtido menção honrosa no Concurso Pensamiento Crítico Simon Bolívar, em Caracas e foi traduzido para o chinês e publicado pela Editora da Academia de Ciências Sociais da China, como já assinalamos.
Nos anos de 2003-2004 publicaram-se também em espanhol dois livros de minha autoria:
La Teoria de la Dependencia: Balance y Perspectivas, editado originalmente em português pela editora Civilização Brasileira em 2000 e na Argentina pela Editora Sudamericana, em 2003 a partir da edição mexicana publicada por Plaza & Janés no mesmo ano. Este livro foi também publicado em mandarim pela Editora da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Beijing, 2003.
Em 2004, a Editora Plaza & Janés, do México, publicou La Economia Mundial y la Integración Latinoamericana. Trata-se de uma nova versão de um livro clássico publicado pela Editora Vozes no Brasil (4 edições de 1994 a 1999) e pela Academia de Ciências Sociais da China (2003). Esta nova versão ampliada e atualizada reúne também um amplo material bibliográfico, documental e virtual para o estudo da globalização. Sua edição em português não está agendada. Está em curso edições peruana e venezuelana do livro, com um prefácio novo. Estou discutindo também a possibilidade de uma edição brasileira.
Com esses 3 livros (Do Terror à Esperança, Teoria da Dependência e Economia Mundial) espero haver completado uma trilogia sobre o neoliberalismo e a retomada do pensamento social critico como fonte de compreensão do mundo contemporâneo. Acredito mesmo que eles se converteram num verdadeiro tratado sobre a história recente da humanidade e sobre o pensamento cientifico adequado para interpretá-la e atuar sobre ela. Seu rigor e profundidade permitem superar a prepotência dos autores comprometidos com o enfoque dominante central que pensa o mundo sem incorporar a realidade da maior parte da humanidade que se encontra nas zonas periféricas.
Em resumo, sem o risco de uma presunção exagerada, posso afirmar assim que fui um dos fundadores da perspectiva do sistema mundial que vem redefinindo a análise da sociedade, da política e da economia. Fui um dos fundadores da Teoria da Dependência que exerceu uma influencia definitiva nos estudos sobre o desenvolvimento, em todo mundo, a qual é considerada como um antecedente fundamental da teoria do sistema mundial. Estes e outros aspectos da minha carreira podem ser apreciados no sitio web da Universidade de Málaga (Espanha) sobre os maiores economistas da história da humanidade. Entre estes só se incorporaram até o presente, do Brasil, os nomes de Celso Furtado, Ruy Mauro Marini e Theotonio Dos Santos.
Ao mesmo tempo, as editoras PUC Rio-Loyola publicaram de 2003 a 2005, sob a minha coordenação, a serie de 4 volumes sobre Hegemonia e Contra – Hegemonia que recolhe os trabalhos apresentados  no seminário sob o mesmo titulo realizado em Agosto de 2003 pela Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN) www.reggen.org.br. Traduções em espanhol (Venezuela), em inglês e mandarim (China) publicaram uma seleção destes artigos que reúnem os mais importantes pensadores sobre o nosso tempo. Estes livros são adotados em cursos de relações internacionais de vários países.
Meu trabalho nestes últimos anos não se detém aí. Deve-se destacar minha condição de presidente da Comissão Cientifica da Rede sobre Ética e Política Econômica (www.pekea.org) com sede em Rennes na França.  Em 2003, a revista Économies et Societés editou um número especial sobre “os prolegômenos à construção de um saber político e ético sobre as atividades econômicas” que reuniu os trabalhos da reunião inaugural de PEKEA, com uma introdução minha conjuntamente com dois outros membros da direção do PEKEA.
Novos livros deverão ser publicados sobre os seminários realizados em dezembro de 2003 em Rennes e em novembro de 2004 em Bangkok. PEKEA, com seus mais de 700 membros, abre uma nova perspectiva critica diante da economia neoliberal, desbravando o caminho de uma pratica social e política alternativa.
No encerrar de 2004, participei da edição especial do Observatório Social da América Latina (OSAL), do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO), sobre “Los Desafíos de América Latina y las Elecciones en E.E.U.U.”.  Em seguida, inaugurei o livro coletivo do Grupo de Trabalho do CLACSO sobre “Globalização, Economia Mundial e Economias Nacionais” com o titulo: La Economia Mundial y América Latina, CLACSO LIBROS, Buenos Aires, 2005, organizado por Jaime Estay.
Em 2003, participei do livro de Argemiro Procópio sobre o Brasil: Parceiros Estratégicos, Editora Alfa-Omega, e do livro Critical Social Thought for the XXrst Century, Essais in Honour of Samir Amin, L´Harmattan, Paris.
Venho tendo também um papel protagônico na Rede de Estudos sobre Economia Mundial (REDEM), basicamente ibero-americana, com sede na Universidade de Puebla (México) que já realizou vários seminários e publicou vários livros sobre a economia mundial contemporânea. Seu sitio web vem sendo visitado por milhares de pesquisadores do mundo inteiro e principalmente falantes do espanhol e do português, na perspectiva de encontrar um enfoque crítico ibero-americano dos grandes problemas de nosso tempo. Sua penúltima reunião,  organizada pela Universidade de Barcelona em Novembro de 2004,  discutiu os caminhos da globalização e as perspectivas dos Estados Nacionais.
Deve-se destacar também a minha atividade jornalística neste período. Colaborei quinzenalmente para o principal jornal mexicano, El Universal, e meus artigos são publicados com regularidade em alguns dos principais jornais latino-americanos. No Brasil sou membro do Conselho do jornal Monitor Mercantil. 
Sou membro dos conselhos científicos de vários centros de pesquisa e pós-graduação em várias partes do mundo, assim como pertenço ao conselho de varias revistas cientificas nas quais publico regulamente artigos sobre a realidade internacional e nacional. Publico também com certa freqüência em vários países da Europa, nos EUA, na Índia, na China, na Rússia e em vários outros países.
Sou também constantemente entrevistado pela imprensa escrita, rádio e televisão de várias partes do mundo.
No ano de 2004, dirigi a campanha internacional para a candidatura de Celso Furtado como Prêmio Nobel de Economia. Apesar da enorme repercussão internacional da candidatura, mais uma vez o “pensamento único” se apossou deste prêmio.
No plano acadêmico, na condição de professor emérito, continuo a participar da UFF, como professor da Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFF, assim como sou membro do Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos Estratégicos e da Pós-Graduação de Ciência Política da mesma universidade, Continuo desempenhando minha posição de diretor presidente da Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e Desenvolvimento Sustentável” - REGGEN.
Nos anos de 2004 e 2008 proferi curso de Economia Política Internacional na Fundação Getúlio Vargas (EBAPE – Mestrado) e dei aulas sobre o mesmo tema na pós-graduação da Universidade Candido Mendes, entre outros cursos e seminários no país e no exterior. Estive em março de 2004 como professor convidado da Universidade de Paris 13. Neste mesmo ano realizei conferencias e apresentei teses em encontros da UNCTAD e das Universidades de Javarhal Nehru e Delhi na Índia. Da mesma forma, no Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e Desenvolvimento, em Havana, Cuba, fui mais uma vez um dos expositores principais. Neste mesmo ano estive 2 vezes na Venezuela para varias conferencias e a preparação, em Junho,  e para realização em Dezembro do Encontro Internacional em Defesa da Humanidade que reuniu algumas das mais importantes personalidades e artísticas de todo mundo.
Ainda no plano Internacional, participei como orientador entre Outubro e Novembro de 2004 numa importante banca de defesa de tese doutoral na UAM, México, onde se consagrou uma vez mais a colossal obra teórica de José Valenzuela Feijóo. Participei também no Congresso Internacional sobre Democracia, em Rosário, Argentina, no Seminário sobre Retomada do Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Congresso e pelo Banco do Desenvolvimento da África do Sul, no Seminário Internacional sobre Economia Social do PEKEA, em Bangkok e no Seminário sobre Economia Mundial e Regionalização realizado pelo REDEM na Universidade de Barcelona, na Espanha.
Entre as atividades realizadas no Brasil neste mesmo ano deve-se ressaltar minha participação em vários Seminários e a realização de conferencias nas Universidades UFF, UFRJ, UF Uberlândia, Estácio de Sá, Bennett, La Salle, na Escola Superior de Guerra, na Escola de Comando do Estado Maior, no CEBRI e no Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Política, assim como na criação da Rede Mundial de Personalidades, Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, com sede na Venezuela.
·        Em 2005 a REGGEN organizou um novo seminário internacional sobre As Economias Emergentes e as Modernidades Alternativas que dava sequência à discussão sobre hegemonia e contra-hegemonia realizada em 2003. Nesta oportunidade, iniciamos um programa de cooperação entre os BRICAS ( Quer dizer os BRIC dos quais se falava até então mais a África do Sul cujo peso continental da África justificava figurar neste bloco em formação).  Com o material deste encontro coordenei um livro sobre  Países Emergentes e os Novos Caminhos da Modernidade  publicado pela UNESCO, em 2008.  Em 2009 coordenei com Emir Sader um livro em homenagem a Rui Mauro Marini, co-editado pela Boitempo e a Editora PUC/Rio. Sob o título de A America Latina e os Desafios da Globalização.
Nos últimos anos aumentei muito minha colaboração com o Fórum Mundial das Alternativas que dirige Samir Amim, com o sólido e dinâmico apoio de François Houtart.  Participei, sobretudo nas reuniões de Equador (2008) de caráter regional e da Venezuela (2008) de caráter mundial, com uma forte participação africana e asiática. Produzimos nesta última ocasião um documento sobre a crise mundial que alcançou forte repercussão. François Houtart e vários membros deste encontro participaram ativamente da preparação do documento da Assembléia Geral das Nações Unidas, comandado por Joseph Stiglitz.
Gostaria de assinalar também minha participação no encontro organizado pelo Conselho sobre Desenvolvimento da Índia sobre o centenário do livro de M. K. Gandhi sobre Paz, Justiça e Auto-Determinação para o futuro da humanidade. A amplitude das contribuições apresentadas neste encontro se inscrevem muito claramente dentro das minhas preocupações atuais sobre relação entre Desenvolvimento e Civilização que foi objeto de minha conferência inaugural desse encontro do qual se publicarão vários livros.
Quero destacar ainda a criação de um Doutorado em Economia Política do Desenvolvimento na Universidade de Puebla. Além de realizar a Conferência inaugural do mesmo, a REGGEN estabeleceu um convênio com a Benemérita Universidad Autónoma de Puebla para uma cooperação estreita com este doutorado além da criação de uma sub-sede da REGGEN na mesma universidade que já abriga a Rede de Economia Mundial que já citei.
Quero ressaltar ainda minha participação no Júri do Concurso do Prêmio ao Pensamento Crítico Simon Bolívar de 2008, realizado em Caracas, em junho de 2009. Ao ler os 102 livros apresentados para este concurso pude constatar o renascimento do pensamento crítico não só na América Latina, mas muito, inspirado pelos processos sócio-políticos da região. Tanto assim que decidimos premiar o livro de István Mezáros sobre a história e as ciências sociais que se inspira fortemente nestas experiências e no pensamento latino-americano. Eu colocaria na mesma linha de preocupação a preparação de um informe da UNESCO sobre Repensar o Desenvolvimento da América Latina para o qual coordeno um dos eixos de análise sobre os cenários alternativos para a região.
Por fim, nesta mesma direção devo assinalar o congresso da Associação Latino-Americana de Sociologia, na Argentina, em 2009. Nesta oportunidade ofereci uma Conferência Magna sobre “crise mundial – estrutura e conjuntura”, com a qual recebi o título de Doctor Honoris Causa da Universidade de Buenos Aires num ambiente extremamente exaltado de questionamentos às ciências sociais do “mainstream” euro-centrista.
Eu colocaria no mesmo espírito os títulos de Doutro Honoris Causa que recebi em 2008-2009 nas Universidades Ricardo Palma e Mayor de San Marcus (Primeira das Américas), no Peru., o titulo de Professor Honorário da tradicional Universidade de Cusco, capital do Império Inca.  Posteriormente, em 2011, como reflexo do questionamento estudantil ao neoliberalismo no Chile, recebi o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Valparaiso.  
Nesta linha de homenagens destaco a imposição da medalha de Comendador da Ordem do Rio Branco, em maio de 2009, que creio refletir a confluência entre meus esforços teóricos e analíticos e a atual política externa brasileira que se constata nos meus últimos trabalhos que deixo de relatar aqui por estarem em fase de preparação final e que deverão cristalizar-se no meu trabalho de professor visitante se merecer o apoio das autoridades responsáveis.
Devo chamar a atenção também para o grande número de seminários sobre os 40 anos da teoria da dependência que vêm se realizando no Brasil e no exterior, tomando como ano base da afirmação da teoria a publicação do meu artigo sobre “A estrutura da dependência” na American Economic Review. Entre as várias iniciativas neste sentido aponto a publicação da Revista da Sociedade Brasileira de Economia Politica, nº 30, outubro de 2011, que publica uma longa sessão com a tradução do meu artigo citado, um texto de recordações históricas que preparei e um artigo de Carlos Eduardo Martins que foi escrito como introdução à reedição venezuelana do meu livro Imperialismo y Dependencia, pela Biblioteca Ayacucho de Clássicos Latino americanos em co-edição com o Banco Central da Venezuela. 
Gostaria de ressaltar também o encontro internacional promovido na Argentina sobre A Dependência Acadêmica, com forte presença africana e asiática, além de latino-americana. Alenta-me muito também ver a grande quantidade de reuniões sobre tema no Brasil, inclusive em universidades de província até pouco tempo totalmente alheias ao tema. É dentro destas preocupações que estou preparando um livro sobre Desenvolvimento e Civilização que entreguei ao Centro Internacional Celso Furtado o final de 2013. Em seguida  retomei meu plano de trabalho sobre economia política do capitalismo contemporâneo que já se encontra bastante avançado.

 




 

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