sábado, 25 de fevereiro de 2012

Um conflito estratégico

Os movimentos populares e o movimento indígena em particular tem se transformado num centro da resistência contra a superexploração dos recursos naturais da América Latina devido sobretudo ao aumento da demanda internacional de matérias primas para a indústria mundial, em particular a entrada massiva da demanda chinesa na economia mundial. Os nossos governos, herdeiros de uma economia exportadora de matérias primas e produtos agrícolas, cujos resultados negativos se revelaram historicamente com a transformação de nossos principais centros exportadores em zonas subdesenvolvidas (veja-se o caso do Nordeste brasileiro, de Ouro Preto e a zona exportadora de Minas Gerais, que chegou a ser a maior renda per capita do mundo e caiu numa estagnação profunda no século XIX; o caso da Bolívia, cuja mina de Potosi foi um dos centros da prata que inundou a Europa e deu o poderio colossal à Espanha, etc., etc.) não sabem como escapar desta condição de dependência e subdesenvolvimento. As empresas transnacionais e um sistema de comunicação, de produção de conhecimento e informação totalmente ao serviço destes interesses procuram transformar a entrega destas riquezas aos centros de poder mundiais numa vantagem indiscutível. Deixa-se de lado os efeitos destrutivos do meio ambiente, as populações mineiras e agrícolas enfermas, consumidas pela super exploração destas riquezas para pretender que a defesa desta economia de extração incondicional equivale à modernidade e a defesa das populações afetadas e da economia das nações que são objeto da mesma como expressão do atraso.

CUIDADO. Neste momento muitos governos de esquerda e de centro esquerda estão se implantando em grande parte a partir da crítica aos efeitos terríveis desta política. Os 500 anos de submissão dependente aos poderes externos legaram uma situação de instabilidade, de lutas sociais heróicas e de governos repressivos e ditaduras associadas a estes interesses internacionais contra nossos povos. O Peru é um caso extremo desta contradição entre um enriquecimento a favor das minorias oligárquicas super cultivadas e ociosas. Os presidentes da república recentes deixaram seus governos sob violenta oposição (Fujimori, Toledo e Alan Garcia) terminaram seus governos com altíssimas taxas de desaprovação apesar do altíssima crescimento econômico que ocorreram durante seus mandatos. Ollanta Humala é um beneficiário direto desta oposição popular e, contudo, caiu rapidamente na armadilha das oligarquias peruanas e internacionais que o abandonarão imediatamente depois de desprestigiá-lo. Será que ele não despertará deste sonho de um consenso imposto sobre a miséria e a violência da maioria social da nação?

Vejam esta entrevista - agora traduzida para português - que eleva uma voz de racionalidade no meio desta perigosa tempestade. Para acessar, clique aqui.

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