domingo, 22 de agosto de 2010

Boletim Semanal - Artigos Jornalísticos

Respostas do IPEA ao O GLOBO

A batalha das idéias é permanente. Conheço desde muitos anos estas histórias. O golpe de 1964 interveio na Universidade de Brasília e demitiu vários professores. Eu estive na primeira demissão. Fomos 4 demitidos pelo interventor depois transformado em grande pedagogo em São Paulo por criar a Universidade de Campinas. Anteriormente, a direita entrou em choque com todas as iniciativas que refletiam o avanço democrático no país. Um caso muito comentado foi a campanha contra a história nova que depois do golpe gerou várias prisões. O golpe de 1964 esvaziou o Brasil de alguns dos seus mais importantes quadros intelectuais, técnicos e cientistas. No Chile, onde me exilei, também tivemos estas confrontações e tentativas de impedir o desenvolvimento intelectual do país. O golpe de 1973 liquidou com o Centro de Estudos Sócio econômico que eu dirigia. A Faculdade de Economia Política que dirigia Roberto Pizarro, antigo orientando meu e membro de minha equipe de pesquisa foi devastada. Várias outras universidades e centros de pesquisa foram liquidados. Na Argentina onde meus livros foram adotados amplamente nas universidades também assistimos perseguições colossais que incluíram as editoras que os publicaram. O mesmo ocorreu no Uruguai. No México, para onde me dirigi numa nova fase de exílio, vimos a grande ofensiva neoliberal buscar deter completamente a grande ebulição intelectual e artística que este país viveu a partir da chegada de intelectuais exilados de toda a América Latina. Não conseguiram expandir a repressão como nos países sob ocupação militar por suas próprias forças armadas. Mas vimos, por exemplo, a tentativa em parte vitoriosa de reformular os currículos do país para revalorizar a ditadura de Porfírio Dias e diminuir a importância histórica a revolução mexicana. Todos os dias assistimos a tentativa da grande imprensa internacional de ocultar a verdadeira revolução cultural em curso na Venezuela de Hugo Chaves declarada pela UNESCO território livre de analfabetismo, com um boom editorial colossal e o aumento gigantesco das matriculas escolares além do impressionante plano em marcha de instituir universidades em todos os municípios do país. Nem falar das mentiras que se contam sobre o fantástico progresso intelectual e científico do povo cubano, ignorado sistematicamente. Pois é assim: onde haja avanço intelectual e científico para aí se destinam os ataques de uma imprensa arcaica a serviço do nosso atraso. É impressionante, por exemplo, como logram criar condições de hegemonia do chamado pensamento único neoliberal.

Lembro-me agora do affair que tivemos na UFF para assegurar a bolsa de um funcionário do Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.. A direção do banco negou bolsa ao aluno como despejou enormes calúnias não só contra a qualidade de nosso doutorado que desconheciam mas que não estava na lista do main strean que referenda a péssima qualidade dos economistas que formam a direção deste e outros bancos da época. Quando o senador pelo Rio de Janeiro exigiu infrmações do Banco sobre sua política de formação profissional se atreveram a recorrer à calúnia aberta tentando vincular o senador do Rio com o estudante que teriam sido colegas durante seu serviço militar. Não se deram nem o trabalho de verificar a diferença de idade entre os dois que impossibilitava totalmente um serviço militar comum. Mas esta gente está tão acostumada à impunidade que não s preocupam com estes detalhes...

Bem, agora vêm os ataques contra o IPEA, transformado na década passada num centro ideológico a serviço do chamado pensamento único neoliberal. E muitos mais órgãos do governo que tentem abrir a caixa preta de um ocultamento sistemático de nossa realidade e da realidade internacional serão objeto de ataques incidiosos. Por sorte eles ainda não podem fechá-los como nos golpes militares, mas quanto tempo mais agüentarão que os dados desmascarem suas invenções.

Vejam a defesa do IPEA diante destes ataques insidiosos em:

Um comentário:

Corival Alves do Carmo disse...

Professor Theotonio, não podemos esquecer que num concurso do Banco Central durante o governo FHC davam um peso muito maior para quem fez doutorado no exterior e para as universidades brasileiras pontuavam apenas quem tinha feito doutorado nos baluartes da economia neoclássica, as demais eram ignoradas. se não me engano essa diferenciação acabou caindo na justiça.
abraços,
Corival

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