segunda-feira, 26 de abril de 2010

Comentários ao blog.

Recebemos este interessante comentário, via e-mail, de Fernando Correa Prado, que aborda a Teoria Marxista da Dependência.

Camaradas,

É notável o crescente interesse em torno da teoria marxista da dependência, o que se reflete não apenas no meio acadêmico, mas também na formação política. Artigos, monografias, dissertações, teses, análises de conjuntura, enfim, há cada vez mais textos circulando em que se trata de retomar e aprofundar conceitos como superxploração do trabalho, subimperialismo, Estado de contra-insurgência e de quarto poder, entre outros, derivados do legado de Ruy Mauro Marini; há também trabalhos que buscam caracterizar a nova forma de dependência atual, levando adiante a preocupação de Theotônio dos Santos; também se nota - ainda que em menor medida, por enquanto - releituras da contribuição de Vânia Bambirra no sentido de redefinir as diferentes tipologias que adota a dependência, aclarar o debate que se deu sobre este conceito, interpretar os movimentos de insurreição na América Latina, assim como trazer para nosso contexto as lições revolucionárias de Marx, Engels e Lenin; por fim, existem também diversos escritos voltados a contrastar a teoria marxista da dependência com outras perspectivas.

Esse retorno da teoria marxista da dependência se explica, em grande medida, por três fatores: a nova conjuntura dos últimos dez anos, que atraiu o interesse intelectual e político do Brasil para a América Latina, ajudando, assim, a superar a histórica ignorância brasileira em relação a nossa região; a volta do (novo) desenvolvimentismo ao debate público, que trouxe junto sua crítica; e o sistemático boicot que sofreram no Brasil os autores ligados àquela teoria, que faz do resgate atual do pensamento crítico latino-americano praticamente uma necessidade histórica.

Frente a este panorama resumido, escrevo a todxs para convidá-lxs a formar parte de um grupo de contatos que facilite a circulação de informações e textos relacionados à teoria marxista da dependência e temas afins. A intenção é simples: avançar no debate, nas novas análises, no aprofundamento e crítica conceitual, buscando, em última instância, que o conhecimento militante seja prática, teórica e historicamente sólido.

Em seguida lhes enviarei o convite para participar do grupo. Se tiverem interesse, encaminhem seus trabalhos, para que possamos começar o possível debate. E se conhecerem mais gente que gostaria de participar, por favor repassem esse correio.

Todxs sabemos que o cotidiano atropela e é difícil conseguir tempo para ler tudo que queremos, mas considero importante – e acho que vocês também – essa leitura coletiva. Afinal, em seu momento o constante debate crítico e prospectivo foi uma das características que fizeram da teoria marxista da dependência um arcabouço analítico ainda vigente.

Saudações,

Fernando Correa Prado

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